Educação Social no Uruguai: partilhando com Rosário Machado
No passado dia 16 de fevereiro
tive a oportunidade de partilhar experiências e conhecimentos com uma estudante
de Educação Social de um país bem distante, o Uruguai, situado na América do
Sul.O seu nome é Rosário Machado e
frequenta o último ano do curso de licenciatura. Aos 28 anos de idade tem já
uma perspetiva sobre o Mundo e sobre os seus respetivos problemas sociais muito
interessante e abrangente.Vou escrever genericamente
sobre algumas das temáticas que conversamos de modo espontâneo, com a companhia
de um colega estudante de Educação Social, mas de Portugal, Jorge Cortesia, e
uma Designer, Magdalena Ferreyra, num bar na ribeira de Gaia a degustar o
tradicional vinho do Porto. Quatro pessoas a somarem ideias e perspetivas.
Apresento, de seguida, parte do resultado, sendo que foram os pontos que penso
serem de maior relevo para a partilha.
Ensino superior e licenciaturaNo Uruguai, a Educação Social
(licenciatura) surgiu há cerca de 10 anos, tendo uma duração de 4. Em
comparação a Portugal é um curso ainda recente e, em algumas regiões/cidades,
os primeiros licenciados irão este ano para o mercado de trabalho. É o caso de Paysandu, cidade de origem da colega.No que respeita à duração do
curso, surgiu um interessante debate, devido ao número de anos, pois no nosso
país tem uma duração inferior (3 anos). Com efeito, foi apresentado o processo
de Bolonha e seus objetivos. Sabemos que, em Portugal e na Europa, existem
pessoas que simpatizam mais, outras menos, com esta mudança de paradigma no
ensino superior, mas é importante dar a conhecer a estrutura e organização do
nosso ensino superior.Uma das críticas, neste ponto,
foi devido às unidades curriculares que integram o curso no Uruguai. A colega
admite que muitas delas não têm uma intervenção direta no âmbito do que será o
seu futuro trabalho como Educadora Social. Onde já ouvimos isto? Áreas de intervenção do
Educador SocialSendo a Educação Social recente
no Uruguai, as saídas profissionais ainda estão algo limitadas à infância, juventude,
reclusão e serviços sociais. Todavia, apesar de existirem, certamente, outras
áreas de intervenção, estas foram as mais focadas pela Rosário.Curiosamente, na área do
envelhecimento, não existem Educadores Sociais a trabalhar. Este dado é relevante
porque, naquele país, existem imensas oportunidades que se podem ser exploradas
pelos Educadores Sociais. Porém, como tão bem conhecemos pelo caso Português,
este passo de reconhecimento social e profissional da carreira do Educador
Social exigirá muita dedicação e trabalho.
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O país e suas caraterísticas e
o poder da informação
Pelo seu relato, o Uruguai
parece ser um país relativamente seguro em comparação com países vizinhos (p.e.
Brasil e Argentina). Ao nível de educação, saúde e serviços sociais, responde
adequadamente às necessidades da população, sendo serviços totalmente
gratuitos.
Foi muito interessante
constatar que a os Uruguaios, especialmente a Rosário, estava informada sobre
todos os acontecimentos sociais que assolam a Europa, desde os sociais e
étnicos (Estado Islâmico, Crimeia, etc.), até ao financeiro (Grécia e não só).
De facto, na era da globalização e da sociedade do conhecimento, torna-se
imperativo partilhar. Afinal de contas é tão fácil …
Para terminar
Apesar das qualidades do país
que fui evidenciando, muito jovens Uruguaios têm como sonho a Europa, sobretudo
Espanha devido ao idioma!
Sem dúvida um país a
visitar e descobrir, essencialmente para entender como funciona a Educação
Social. Fica o desafio …
Remuneração do Educador Social
Pelo que entendi, a remuneração
é um pouco inferior à de Portugal. Nada que não esperasse …
Expliquei-lhe que a nossa
remuneração depende se trabalhamos no setor público ou privado.
Espantosamente, em Portugal, o
setor público renumera melhor os seus colaboradores do que no privado (na nossa
área).
No Uruguai funciona
precisamente ao contrário. No caso da Educação Social (pelo que percebi em geral
também), no setor privado as remunerações são superiores.
Concluindo: a remuneração do Educador
Social em Portugal no setor privado equipara-se à do mesmo técnico inserido no
setor público do Uruguai. Afinal de contas, a América Latina não está tão atrás
de nós. Melhor, nós, enquanto Europeus, é que não evoluímos em questões
salariais!
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