Repórter Apes - Olá
Ruben, obrigada por teres aceite ser o nosso segundo entrevistado. Tal como a
Sandra, muitos colegas têm curiosidade em conhecer-te, por isso.... Quem é o
Ruben Amorim?
Ruben – Antes de
mais quero agradecer a oportunidade de poder partilhar com os restantes colegas
as minhas experiências e conhecimentos, bem como enaltecer a excelente
iniciativa que é o Boletim Digital da APES, pois sem dúvida que marca a
diferença e aproxima todos os TSES! Tenho 26 anos, nasci em Santa Maria da
Feira, e vivo em Aguiar da Beira. O Ruben Amorim é uma pessoa com os pés
assentes na terra mas com um olho no presente e outro no futuro, que tenta
expandir os seus contactos/conhecimentos, o chamado networking, que acredita
que seja uma das competências mais importantes de modo a progredir
profissionalmente, daí ser um grande defensor da partilha de conhecimentos,
pois o tempo em que a velha máxima que caraterizava o segredo como a alma do
negócio foi claramente ultrapassada…
R.A. - Como é que
te surgiu a ideia de te formares em educação social?
Ruben - Desde os 14
anos que tive atividades que conseguia rentabilizar financeiramente. Comecei no
Futebol a ganhar um ordenado, com 14 anos e, posteriormente, aos 17 anos,
descobri o interesse pela área das artes circenses, pelas quais dediquei quase
100% do meu tempo. No entanto ainda estudava no ensino secundário e estava em
desporto, sempre gostei devido à prática do futebol… Contudo, depois de entrar
na área da animação e de pensar um pouco relativamente ao futuro decidi
abandonar a ideia de seguir uma carreira ligada ao desporto. Entretanto fui a
Barcelona no âmbito das artes circenses e perdi um anoletivo no ensino
secundário que considero que foi extremamente positivo e enriquecedor para o
meu percurso profissional. Depois decidi que queria uma maior independência e
autonomia e preferi sair da minha zona de conforto e apostar numa licenciatura
longe de casa. Sempre gostei da cidade de Viseu e Aveiro. Como em Viseu existia
uma licenciatura de Educação Social decidi aprofundar os meus conhecimentos
nessa área, interessei-me, e decidi apostar na mesma. Contudo já tinha uma
ideia dos âmbitos de intervenção e daquilo que poderia fazer na área.
Achei curioso é o
facto de o curso não ter muito reconhecimento, mas esse era um ponto que
considerava forte. Embarquei nesta aventura e desde o início da licenciatura
que me empenhei na divulgação e promoção do curso, primeiro da região e agora a
nível nacional na APES.
R.A. - Tiveste,
então um percurso fora do normal... Hoje trabalhas com idosos.... queres
partilhar um pouco dessa experiencia, como arranjaste esse trabalho, como é que
é o teu dia a dia..
Ruben – Bem… A
minha procura ativa de trabalho iniciou-se no segundo ano da licenciatura.
Comecei a perspetivar as áreas com maior empregabilidade, e a que considerei
mais promissora foi a do envelhecimento. Iniciei uma pesquisa para um futuro
estágio curricular num Lar, mas não foi possível porque a minha Escola tinha
parcerias com Juntas de Freguesia. No entanto não desisti de procurar, e
através de uns contactos, mais uma vez refiro porque são fundamentais, consegui
ter a oportunidade de mostrar o meu potencial numa Estrutura
Residencial para
idosos. Ainda não tinha terminado a licenciatura, e já fazia um part-time no
Lar onde atualmente trabalho… comecei a interessar-me pela área e decidi
apostar na área da formação. O meu dia-a-dia é baseado numa grande dinâmica e
criatividade. No fundo, pautar a minha intervenção nas verdadeiras
necessidades, gostos, interesses e expetativas das pessoas idosas, tentando
quebrar a monotonia com a surpresa. Considero que trabalhar com pessoas idosas
é uma aprendizagem ao minuto, e todas as atividades que desenvolvemos tem por
base as suas vivências e as suas motivações. É claro que nem sempre é fácil,
uma vez que este tipo de população encontra-se, por vezes, desmotivada. No
entanto o nosso papel é o contagio pelo gosto de viver, pela construção de
projetos de vida, pela formulação de objetivos, por fazer com que as pessoas
idosas não percam os laços com a sociedade, mas sim, pelo contrário, torna-las
parte integrante da mesma.
Adoro o que faço!
Atualmente, quando início o meu dia de trabalho, já são as próprias pessoas que
me solicitam atividades, que querem movimento e dinamismo. Penso que o segredo
está numa relação de confiança com as pessoas.
O Educador Social
na área do envelhecimento não pode ser um mero técnico, tem de ser uma pessoa
presente na vida das pessoas, tentando realizar e otimizar uma mediação entre
aquilo que são os seus propósitos e motivações e aquilo que são os recursos
existentes. Muitas vezes estes recursos são de um valor inestimável, mas ao
mesmo tempo muito simples.
R.A. - Continuas a
considerar a área do envelhecimento uma área de futuro para os educadores
sociais?
Ruben - Sem dúvida.
Apesar de perspetivar uma evolução das respostas sociais para pessoas idosas, e
aqui os Educadores e Educadoras Sociais devem assumir um papel fulcral. Se
somos profissionais polivalentes, com competências variadas devemos começar a
refletir sobre o envelhecimento e para os seus problemas associados. Teremos de
nos questionar, o futuro passa por Lares? Ou há espaço para novas respostas
sociais? Poderão os Educadores e Educadoras Sociais ser Empreendedores? Eu
acredito que sim. Faz todo o sentido apostar em novos serviços e produtos, e
nesta matéria somos uma classe privilegiada, uma vez que estamos no terreno,
conhecemos as verdadeiras necessidades, somos profissionais de investigação-ação,
teremos de ser críticos e criativos para que possamos aumentar e melhorar a
qualidade de vida dos nossos idosos. Daí defender que as competências
empreendedoras devem ser trabalhadas nas licenciaturas em Educação Social.
R.A. - estás a
correr o país com um workshop sobre empreendedorismo... qual é o teu balanço de
forma geral??
Ruben - Os
Workshops surgiram com um único conceito: a partilha de experiências entre TSES
e outros técnicos da área social. Tem sido um acumular de experiências fantásticas,
tenho aprendido imenso com as e os colegas. Foi um projeto que se iniciou com
base numa necessidade dos estudantes do curso de licenciatura em Educação
Social, mas que rapidamente cresceu numa proporção muito positiva. É bom estar
em contacto com os colegas de vários pontos do país, desde Bragança ao Algarve.
Estas iniciativas devem ser multiplicadas, uma vez que considero que existe a
necessidade de tanto os estudantes como os profissionais terem formação técnica
na área da Educação Social. E agradeço imenso a todos e todas as colegas que
participaram nos Workshops, percebi que têm muito potencial, que vão marcar a
diferença na área social devido à sua criatividade e dinamismo.
R.A. - És
Vice-Presidente da Apes. Na tua opinião qual está a ser a importância desta
associação para o país e para os educadores sociais?
Ruben - Atualmente
todas as associações devem assumir uma pluralidade no seu papel social…
a APES não é exceção e quer mesmo tornar-se um exemplo neste domínio. A
criação de parcerias com organizações da comunidade é uma via de
promover a Educação Social no nosso País. Por acreditar na Educação
Social e, essencialmente nos Educadores e Educadoras sociais é
que aceitei este desafio. A APES tem um potencial enorme, uma vez que
assenta numa filosofia de partilha de poder entre todos os
associados. Todos e todas são livres de apresentar as suas ideias, os
seus projetos, as suas perspetivas... Talvez porque assim seja é que
o número de associados cresce de dia para dia… Talvez por isso é que os
projetos não param de surgir… Tudo porque a APES é constituída
por uma pluralidade de opiniões e de ideias. Apesar de ser uma
Associação muito recente, noto que existe uma dinâmica muito forte
entre os colegas, quer sejam com encontros nacionais, quer seja com
outras iniciativas como este boletim, a agenda dos Educadores
Sociais ou o projeto PEPES que é exclusivamente desenvolvido por
profissionais da área… Acredito que muitos projetos irão surgir e
convido todos e todas a fazer parte deste projeto, pois é com a união e
a pluralidade que conseguiremos atingir nossos objetivos… ah! e
não poderia deixar de relevar o facto de que a equipa da APES é
fantástica e que se encontra muito motivada para colocar as suas
ideias em prática… No atual panorama a APES irá traduzir-se numa solução
inovadora e criativa para a Educação Social em Portugal e para
todos os Educadores Sociais, pois quando existe a possibilidade de todos
se envolverem e de poderem apresentar os seus projetos o caminho
apenas poderá ser positivo.
Concretamente a
APES irá apostar no aumento da relação com os Educadores Sociais e com as
instituições do nosso país. Irá apoiar todas asideias inovadoras que fazem
parte do imaginário dos Educadores e Educadoras Sociais do nosso país. O
reconhecimento da nossa profissão é o principal objetivo da APES, contudo os
Educadores e Educadoras Sociais terão de se assumir como empreendedores, terão
de arriscar e criar novas soluções. O caminho certamente que será menos
convencional e incidirá em exponenciar todo o potencial existente em cada
colega!!
R.A. – Obrigada, Ruben, pelo teu contributo! Foi um prazer enorme
entrevistar-te!
Ruben - Eu também
quero agradecer o convite que me foi dirigido, e já agora, aproveitar para
convidar todos os Educadores Sociais e estudantes de Educação Social, bem como
outros técnicos da área social a estarem presentes no III Encontro Nacional de
Educadores Socais em Leiria, no próximo dia 24 de Novembro. Será certamente
mais um evento de imensa qualidade, onde poderão aproveitar para aumentar os
vossos contactos e potenciar a partilha de experiências!
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