No
dia 17 de Janeiro 2013, após convite do docente da unidade curricular de
Atividade Física, Dr. Carlos Vasconcelos, estive a dinamizar duas aulas
destinadas às/aos alunas/os do 2º ano do curso de licenciatura em Educação
Social.
Os
temas abordados foram os seguintes:
- · Percurso Profissional: O primeiro emprego;
- · Tempo livre, as crianças e o Técnico Superior de Educação Social (TSES): Jogo livre e as ludotecas;
- · O Envelhecimento: Aposentação, alimentação e a atividade física;
- · Os limites Profissionais do/a TSES;
- · Associação Promotora da Educação Social – APES.
Os
objetivos da sessão incidiram, essencialmente, na partilha de experiências,
esclarecimento de dúvidas e aproximação entre a figura do/ TSES e dos
Estudantes de Educação Social.
Com
efeito, a minha ida à ESEV teve, na minha perspetiva, um efeito positivo, uma
vez que:
- · Se produziram algumas dicas relativamente à procura ativa de trabalho do/a TSES;
- · Se apontaram várias soluções na intervenção do/a TSES com as crianças no que respeita à ocupação dos tempos livres das mesmas;
- · Se partilhou uma experiência profissional muito variada e que permitiu ás/aos estudantes terem a perceção do real trabalho de um/a TSES no âmbito do envelhecimento;
- · se desmistificou a questão dos limites profissionais, evidenciando que quem “dita” as tendências é precisamente o mercado de trabalho;
- · Se proporcionou a oportunidade de divulgar a APES e os seus projetos junto dos/as Estudantes de Educação Social.
Durante
e após as duas sessões foram colocadas várias questões. Passo a citar algumas
delas:
“Como
é que achas que nos devemos apresentar nas instituições?”
Esta
questão é muito pertinente. Na minha opinião o/a TSES deve apresentar-se como
tal, mas com o foco nas atividades/tarefas que pode eventualmente desenvolver
na organização. No fundo como se tornar uma mais-valia para a mesma. Na maior
parte dos casos perdemos imenso tempo a explicar às entidades patronais, amigos
e familiares o que é a Educação Social e o seu papel. Com efeito, recorremos a
grandes definições e acabamos por não sentir aquilo que é o/a TSES. Assim
sendo, recomendo que nos fundamentemos em casos práticos para que as pessoas
possam entender o que fazemos. Nunca pudemos deixar de parte o facto de que as
entidades patronais, os amigos e os familiares não são, frequentemente, da área
da Educação Social.
“Como
Diretor Técnico quais as funções que mais exerce?”
No
Lar onde tenho a oportunidade de desenvolver o meu trabalho, o trabalho do DT
incide, sobretudo, na Gestão de Recursos Humanos (GRH), através da elaboração
dos mapas de folgas, horários e férias, bem como em aspetos formativos.
Concomitantemente, existem outras funções inerentes ao papel do DT, tais como:
amissão de novos residentes, gerir o processo HACCP, elaborar o plano de
atividades de ocupação de tempos livres e desenvolvimento pessoal, elaborar
mapas de ementas semanais, tarefas dos colaboradores e, no fundo, zelar pelo
ambiente harmonioso entre todos os intervenientes na Residência.
“Achas
que abrir um consultório de Educação Social seria uma boa ideia?”
Quando
me colocaram esta questão tive logo vontade de dizer mil coisas ao mesmo tempo…
É
sem dúvida uma boa ideia. Sobretudo porque não existe nada parecido, pelo menos
que eu conheça. No fundo é reconhecer ou atribuir ao/à TSES o título de freelancer, isto é, a oportunidade de
explorar novas ideias, novas soluções. Acredito que o conceito pode ser
desenvolvido até chegar ao seu core e
proporcionar novos serviços à comunidade. A criatividade e a inovação devem
estar sempre presentes no caminho profissional do/a TSES. Neste sentido,
aconselhei que todos/as os/as futuros/as TSES não percam, nunca, de vista a
possibilidade de puderem a vir desenvolver um trabalho por conta própria. Seria
um passo importante na afirmação do papel da Educação Social em Portugal.
“Cual
es la función del pedagogo en un Lar?”
Uma
aluna do programa Erasmus, vinda de Espanha, que estuda Pedagogia, colocou-me
esta questão. Como sabemos, o que sustenta cientificamente a profissão do/a
TSES é, precisamente, a pedagogia, uma vez que a Educação Social não é, sequer
uma ciência. O trabalho do/a TSES, num Lar, ao nível pedagógico (porque o/ TSES
é um pedagogo) tem que ver com quatro dimensões: os residentes, os
colaboradores, os donos e os familiares e significativos dos residentes. O objetivo
é que a intervenção seja interdependente, tendo em conta as dimensões
referidas. Toda e qualquer atividade ou situação que se gera num Lar é foco de
intervenção pedagógica. Por vezes, em aspetos muito simples, como o lavar as
mãos, hidratação, resolução de conflitos, entre outras, existem fins
pedagógicos onde o/a TSES devem estar preparados para, em muitos dos, caso
intervir no momento.
“É
preciso ler muitos livros para ser um bom Educador Social?”
Ler
é sempre importante, em toda e qualquer situação. Para ser um bom Educador
Social é necessário um grande sentido de responsabilidade, de profissionalismo,
de capacidade de adaptação, de criatividade, de resiliência e de dinamismo.
Contudo, todas estas competências são despoletadas e sustentadas por todo o
conhecimento que vamos absorvendo. Este conhecimento deve ser incessante e
frequente. Numa sociedade do conhecimento é fundamental que nos reciclemos, que
realizemos vários upgrades. Atualmente recorrer a artigos científicos,
que são mais específicos, é uma excelente alternativa aos livros. Como afirmei,
ler só é importante quando possuímos sentido crítico, quando discordamos com
autores e com afirmações. Para terminar, sendo o/a TSES um profissional de
investigação-ação-reflexão, é de todo acertado assumir a componente de investigação do/a TSES. Para tal, podemos recorrer à leitura.
Estas
foram algumas das questões colocadas e que decidi partilhar, no entanto muito
ainda teria de escrever. Todavia, o essencial está aqui presente.
Resta-me,
uma vez mais, agradecer ao Dr. Vasconcelos o convite e endereçar palavras
motivadoras para os/as Estudantes de Educação Social: nunca deixem de lutar
pela vossa profissão. Acreditem que a criatividade pode abrir-vos portas.
Ruben
Amorim
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