segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Entrevista a Ruben Amorim | Boletim Digital da APES | 2ª Edição


Repórter Apes - Olá Ruben, obrigada por teres aceite ser o nosso segundo entrevistado. Tal como a Sandra, muitos colegas têm curiosidade em conhecer-te, por isso.... Quem é o Ruben Amorim?

Ruben – Antes de mais quero agradecer a oportunidade de poder partilhar com os restantes colegas as minhas experiências e conhecimentos, bem como enaltecer a excelente iniciativa que é o Boletim Digital da APES, pois sem dúvida que marca a diferença e aproxima todos os TSES! Tenho 26 anos, nasci em Santa Maria da Feira, e vivo em Aguiar da Beira. O Ruben Amorim é uma pessoa com os pés assentes na terra mas com um olho no presente e outro no futuro, que tenta expandir os seus contactos/conhecimentos, o chamado networking, que acredita que seja uma das competências mais importantes de modo a progredir profissionalmente, daí ser um grande defensor da partilha de conhecimentos, pois o tempo em que a velha máxima que caraterizava o segredo como a alma do negócio foi claramente ultrapassada…

 

R.A. - Como é que te surgiu a ideia de te formares em educação social?

Ruben - Desde os 14 anos que tive atividades que conseguia rentabilizar financeiramente. Comecei no Futebol a ganhar um ordenado, com 14 anos e, posteriormente, aos 17 anos, descobri o interesse pela área das artes circenses, pelas quais dediquei quase 100% do meu tempo. No entanto ainda estudava no ensino secundário e estava em desporto, sempre gostei devido à prática do futebol… Contudo, depois de entrar na área da animação e de pensar um pouco relativamente ao futuro decidi abandonar a ideia de seguir uma carreira ligada ao desporto. Entretanto fui a Barcelona no âmbito das artes circenses e perdi um anoletivo no ensino secundário que considero que foi extremamente positivo e enriquecedor para o meu percurso profissional. Depois decidi que queria uma maior independência e autonomia e preferi sair da minha zona de conforto e apostar numa licenciatura longe de casa. Sempre gostei da cidade de Viseu e Aveiro. Como em Viseu existia uma licenciatura de Educação Social decidi aprofundar os meus conhecimentos nessa área, interessei-me, e decidi apostar na mesma. Contudo já tinha uma ideia dos âmbitos de intervenção e daquilo que poderia fazer na área.

Achei curioso é o facto de o curso não ter muito reconhecimento, mas esse era um ponto que considerava forte. Embarquei nesta aventura e desde o início da licenciatura que me empenhei na divulgação e promoção do curso, primeiro da região e agora a nível nacional na APES.

 

R.A. - Tiveste, então um percurso fora do normal... Hoje trabalhas com idosos.... queres partilhar um pouco dessa experiencia, como arranjaste esse trabalho, como é que é o teu dia a dia..

Ruben – Bem… A minha procura ativa de trabalho iniciou-se no segundo ano da licenciatura. Comecei a perspetivar as áreas com maior empregabilidade, e a que considerei mais promissora foi a do envelhecimento. Iniciei uma pesquisa para um futuro estágio curricular num Lar, mas não foi possível porque a minha Escola tinha parcerias com Juntas de Freguesia. No entanto não desisti de procurar, e através de uns contactos, mais uma vez refiro porque são fundamentais, consegui ter a oportunidade de mostrar o meu potencial numa Estrutura

Residencial para idosos. Ainda não tinha terminado a licenciatura, e já fazia um part-time no Lar onde atualmente trabalho… comecei a interessar-me pela área e decidi apostar na área da formação. O meu dia-a-dia é baseado numa grande dinâmica e criatividade. No fundo, pautar a minha intervenção nas verdadeiras necessidades, gostos, interesses e expetativas das pessoas idosas, tentando quebrar a monotonia com a surpresa. Considero que trabalhar com pessoas idosas é uma aprendizagem ao minuto, e todas as atividades que desenvolvemos tem por base as suas vivências e as suas motivações. É claro que nem sempre é fácil, uma vez que este tipo de população encontra-se, por vezes, desmotivada. No entanto o nosso papel é o contagio pelo gosto de viver, pela construção de projetos de vida, pela formulação de objetivos, por fazer com que as pessoas idosas não percam os laços com a sociedade, mas sim, pelo contrário, torna-las parte integrante da mesma.

Adoro o que faço! Atualmente, quando início o meu dia de trabalho, já são as próprias pessoas que me solicitam atividades, que querem movimento e dinamismo. Penso que o segredo está numa relação de confiança com as pessoas.

O Educador Social na área do envelhecimento não pode ser um mero técnico, tem de ser uma pessoa presente na vida das pessoas, tentando realizar e otimizar uma mediação entre aquilo que são os seus propósitos e motivações e aquilo que são os recursos existentes. Muitas vezes estes recursos são de um valor inestimável, mas ao mesmo tempo muito simples.

 

R.A. - Continuas a considerar a área do envelhecimento uma área de futuro para os educadores sociais?

Ruben - Sem dúvida. Apesar de perspetivar uma evolução das respostas sociais para pessoas idosas, e aqui os Educadores e Educadoras Sociais devem assumir um papel fulcral. Se somos profissionais polivalentes, com competências variadas devemos começar a refletir sobre o envelhecimento e para os seus problemas associados. Teremos de nos questionar, o futuro passa por Lares? Ou há espaço para novas respostas sociais? Poderão os Educadores e Educadoras Sociais ser Empreendedores? Eu acredito que sim. Faz todo o sentido apostar em novos serviços e produtos, e nesta matéria somos uma classe privilegiada, uma vez que estamos no terreno, conhecemos as verdadeiras necessidades, somos profissionais de investigação-ação, teremos de ser críticos e criativos para que possamos aumentar e melhorar a qualidade de vida dos nossos idosos. Daí defender que as competências empreendedoras devem ser trabalhadas nas licenciaturas em Educação Social.

 

R.A. - estás a correr o país com um workshop sobre empreendedorismo... qual é o teu balanço de forma geral??

Ruben - Os Workshops surgiram com um único conceito: a partilha de experiências entre TSES e outros técnicos da área social. Tem sido um acumular de experiências fantásticas, tenho aprendido imenso com as e os colegas. Foi um projeto que se iniciou com base numa necessidade dos estudantes do curso de licenciatura em Educação Social, mas que rapidamente cresceu numa proporção muito positiva. É bom estar em contacto com os colegas de vários pontos do país, desde Bragança ao Algarve. Estas iniciativas devem ser multiplicadas, uma vez que considero que existe a necessidade de tanto os estudantes como os profissionais terem formação técnica na área da Educação Social. E agradeço imenso a todos e todas as colegas que participaram nos Workshops, percebi que têm muito potencial, que vão marcar a diferença na área social devido à sua criatividade e dinamismo.

 

R.A. - És Vice-Presidente da Apes. Na tua opinião qual está a ser a importância desta associação para o país e para os educadores sociais?

Ruben - Atualmente todas as associações devem assumir uma pluralidade no seu papel social… a APES não é exceção e quer mesmo tornar-se um exemplo neste domínio. A criação de parcerias com organizações da comunidade é uma via de promover a Educação Social no nosso País. Por acreditar na Educação Social e, essencialmente nos Educadores e Educadoras sociais é que aceitei este desafio. A APES tem um potencial enorme, uma vez que assenta numa filosofia de partilha de poder entre todos os associados. Todos e todas são livres de apresentar as suas ideias, os seus projetos, as suas perspetivas... Talvez porque assim seja é que o número de associados cresce de dia para dia… Talvez por isso é que os projetos não param de surgir… Tudo porque a APES é constituída por uma pluralidade de opiniões e de ideias. Apesar de ser uma Associação muito recente, noto que existe uma dinâmica muito forte entre os colegas, quer sejam com encontros nacionais, quer seja com outras iniciativas como este boletim, a agenda dos Educadores Sociais ou o projeto PEPES que é exclusivamente desenvolvido por profissionais da área… Acredito que muitos projetos irão surgir e convido todos e todas a fazer parte deste projeto, pois é com a união e a pluralidade que conseguiremos atingir nossos objetivos… ah! e não poderia deixar de relevar o facto de que a equipa da APES é fantástica e que se encontra muito motivada para colocar as suas ideias em prática… No atual panorama a APES irá traduzir-se numa solução inovadora e criativa para a Educação Social em Portugal e para todos os Educadores Sociais, pois quando existe a possibilidade de todos se envolverem e de poderem apresentar os seus projetos o caminho apenas poderá ser positivo.

Concretamente a APES irá apostar no aumento da relação com os Educadores Sociais e com as instituições do nosso país. Irá apoiar todas asideias inovadoras que fazem parte do imaginário dos Educadores e Educadoras Sociais do nosso país. O reconhecimento da nossa profissão é o principal objetivo da APES, contudo os Educadores e Educadoras Sociais terão de se assumir como empreendedores, terão de arriscar e criar novas soluções. O caminho certamente que será menos convencional e incidirá em exponenciar todo o potencial existente em cada colega!!

 

R.A. – Obrigada, Ruben, pelo teu contributo! Foi um prazer enorme entrevistar-te!

Ruben - Eu também quero agradecer o convite que me foi dirigido, e já agora, aproveitar para convidar todos os Educadores Sociais e estudantes de Educação Social, bem como outros técnicos da área social a estarem presentes no III Encontro Nacional de Educadores Socais em Leiria, no próximo dia 24 de Novembro. Será certamente mais um evento de imensa qualidade, onde poderão aproveitar para aumentar os vossos contactos e potenciar a partilha de experiências!

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